Queria um
drinque, não o café e o chá que sempre eram servidos, mas um vinho. Apenas um
copo de vinho gelado. Mas nenhum vinho era permitido em Jaquir, enquanto o
estupro sim, pensou ela, ao encostar um dedo no rosto dolorido. Surras e véus,
chamadas para a oração e poligamia, mas não uma gota de Chablis ou um cálice de
Sancerre.
(ROBERTS, Nora. Doce
Vingança, pag. 29-30)
A Princesa Adrianne é uma criança em Jaquir, um país
no Oriente Médio. Lá, é acostumada às mulheres no harém, sempre falando sobre
sexo, compras e jóias, mulheres que, submissas ao homem, devem usar abaayas para não tentá-los. Mas ela
nunca pode se acostumar à constante repressão do homem que, além de seu pai e
Rei de Jaquir, desposou a linda estrela de cinema Phoebe Spring entregando a
ela o famoso colar O Sol e a Lua, de valor inestimável, com a promessa de uma
vida exótica e bela longe daquilo que a atriz conhecia, apenas para trocá-la
por outras mulheres e amaldiçoá-la por ter dado à
luz uma filha, Adrianne, e
não um filho.
Doce Vingança, de Nora Roberts, lançado em 1988 |
O ponto inicial de Doce Vingança (Sweet Revenge), de Nora Roberts, lançado em 1988, é
a infância turbulenta por qual Adrianne vive, no castelo em Jaquir, aprendendo
que a mulher, de cabeça baixa, deve dar bons filhos ao marido e ser uma serva
de Alá, isso porque, se fizer diferente, a polícia religiosa a castigará.
Conhecendo as jóias desde criança, ela sabe perfeitamente diferenciar uma falsa
de uma verdadeira. Sua obsessão pelo O Sol e a Lua crescem à medida que, após
fugir de Jaquir para os Estados Unidos com a mãe quando tinha oito anos e
testemunhar a volta decadente da atriz Phoebe Spring ao cinema, a mãe droga-se
cada vez mais e é mais ainda manipulada por agentes. Adrianne sente que precisa
deste colar, que o Rei confiscou da mãe, para sua vingança.
Phillip Chamberlain, um inglês, agora é um agente da
Interpol. Antes, fora um ladrão tão bem sucedido que levava uma vida
confortável, e até propiciara à mãe uma vida melhor. Aposentado de seus roubos
de jóias, ele tem a missão de encontrar O Sombra, o ladrão de jóias mais
procurado pela polícia. O que Phillip provavelmente não esperava era encontrar
Adrianne, a princesa, e apaixonar-se por ela, apesar da frieza e medo inicial
que ela radia. Os dois, combinando conhecimentos acerca de jóias e ações,
embarcam numa aventura muito bem descrita por Nora Roberts, onde há suspense,
romance, cada cenário pintado meticulosamente para dar ao leitor a impressão de
assistir bem de perto todos os acontecimentos.
— Mas O Sol e a
Lua significa tudo. Não há nada que valha mais em Jaquir, não pelo valor
monetário. Está além de qualquer preço. É uma questão de orgulho e força. Se
sair das mãos da família real, haverá revolução, derramamento de sangue, o
desmoronamento do poder. A inquietação nas fronteiras de Jaquir varrerá o país.
(ROBERTS, Nora. Doce
Vingança, pag. 361)
É uma história sobre família, sobre reconhecimento
do amor e da paciência, o doce sabor da vingança que é capaz de alimentar boa
parte da vida de alguém, e é uma história sobre não ser generalista. O que quer
que as mulheres do harém sintam em sua realidade, o que quer que Adrianne tenha
aprendido no mundo Ocidental, o que quer que a religião em Jaquir pregue ou as
crenças cristãs, cada pessoa tem sua maneira de encarar a realidade, e muitas
conseguem conviver e entender aquilo que outras não podem compreender.
Lembro que tive esse livro em mãos durante alguns
anos. Sempre me interessou, porém por algum motivo só agora consegui pegá-lo
novamente e ler até o fim. Ainda bem que fiz isso! Devo confessar que Nora
Roberts sempre me surpreende, não por ter surpresas durante o livro, mas pela
sua maneira de escrever que, parecendo tão simples e despretensiosa, é capaz de
marcar a história em meus pensamentos, e nos pensamentos de vários outros leitores.
O livro é divido em três partes, com subtítulos seguidos de citações, sendo
eles: O Amargo, O Sombra e O Doce.
Recomendo o livro, pois, além do nome de Nora
Roberts falar por si mesmo, tão reconhecimento que ela possui atualmente, é uma
história inteligente, muito bem escrita, que abrange ambos o mundo ocidental e
oriental, e é um ótimo lembrete do feminismo, o que isso significa de um lado
do oceano e do outro.
Ninguém a
conhecia. Nem mesmo Celeste compreendia plenamente os conflitos e dúvidas que a
dominavam. Era princesa de uma terra que não era mais a sua. Era visitante num
país que continuava a lhe ser estranho. Era uma mulher que tinha medo de ser
uma mulher. Uma ladra que queria justiça.
(ROBERTS, Nora. Doce
Vingança, pag. 252)
Flor, meu primeiro contato com Nora foi através da sua nova quadrilogia, o Quarteto de Noiva. Achei o cenário bastante real, e ela escreve muito bem mesmo, mas confesso que esperava mais... acho que depositei muitas expectativas por nunca ter lido Nora Roberts antes. Porém, quero continuar lendo a trama, e quero poder ler outros dela, também. Esse resenhado, por exemplo, é uma ótima opção... parece ser mesmo bem inteligente, e eu adorei seus comentários. Enfim... você já leu dela FORA DA LEI? Queria saber se é mesmo bom...
ResponderExcluirUm abraço!
http://universoliterario.blogspot.com.br/
Olá, Fran! Aprecio os comentários. Bom, eu não li Fora da Lei ainda. Eu posso te indicar Segredos e A Pousada no Fim do Rio, porém eles são muito parecidos com Doce Vingança, conta a história da personagem principal desde quando era criança e possui outras semelhanças. Entretanto, Segredos é um dos melhores livros que li (há algum tempo já), e eu acho que vale a pena lê-los!
ExcluirTambém tenho um livro da Nora em casa que, embora já faça um bom tempo que está em minhas mãos, nunca o li. Não é esse, não me lembro exatamente qual é, mas sua postagem me inspirou a pegá-lo novamente e tentar ler até o fim.
ResponderExcluirAgora sobre a resenha, devo confessar que já fui muito fã desse gênero, já tive uma fase de ódio terrível, mas agora estou voltando a gostar de um bom e velho romance.
Nora é demais, e trazer como lembrete o feminismo/machismo é sempre uma boa (embora eu me irrite fácil quando o assunto é a submissão da mulher, kkk).
Tava com saudades do seu blog,
Beijos,
ser-escritora.blogspot.com.br/