"A arte é uma magia que liberta a mentira de ser verdadeira" Theodor Adorno

quinta-feira, 7 de março de 2013

Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift

Após muita discussão, concluíram unanimemente que eu era 
uma “aberração da natureza”. É com essa expressão, inventada 
para resolver todas as dificuldades, que os sábios disfarçam sua ignorância…

(Swift. Viagens de Gulliver, pag. 71-72)


   Viagens de Gulliver (Gulliver's Travels), de Jonathan Swift, é um clássico da fantasia que diz muito sobre a situação da Europa no século XVIII enquanto Gulliver realiza suas viagens a terras fantásticas. Uma crítica ferrenha à sociedade, vista de vários ângulos. Gulliver é patriota mas sempre que começa a falar sobre a Inglaterra aos líderes das nações fantásticas, ele vai percebendo que em seu mundo há muitas falhas que ele antes ignorava.
  O livro tem quatro partes, cada qual falando sobre sua passagem por alguma ilha com suas pecularidades. Gulliver sofre naufrágios ou motim, e quase sempre se vê sozinho num lugar desconhecido. Deixando sua família (mulher e dois filhos), ele se torna médico-cirurgião no navio Andorinha, em 1699, e é assim que acontece sua primeira grande descoberta: Lilipute.
  Depois do naufrágio, Gulliver se vê numa terra com pessoas de 25 cm, aproximadamente, que cabem no bolso de sua camisa. Os animais e árvores são proporcionais àqueles homenzinhos. Demonstrando-se humilde, Gulliver passa a ser bem visto na ilha de Lilipute. Aprende a língua, socializa-se e é claro, conhece o imperador, com seus discursos pomposos e pensamentos de ser "o maior imperador". Mas nesta terra Gulliver faz inimigos, ainda mais depois do episódio de ter apagado o fogo do quarto da imperatriz (cena hilária) pois muitos de seus homens são arrogantes e desconfiados. 
Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift
   Em outra viagem, desta vez a Brobdingnag, Gulliver está numa terra onde ele é o homenzinho. Essa ilha é habitada por gigantes, que o tratam como animal de circo, marionete; apenas querem se divertir a suas custas. Aqui Gulliver faz amizade com uma garota e vai morar na casa do imperador.

Se os seres humanos, segundo se observava, eram tanto mais selvagens e cruéis quanto maior o seu tamanho, o que devia esperar senão ser uma porção de comida na boca dos primeiros daqueles bárbaros enormes que viessem a me capturar? Sem dúvida, têm razão quem diz que nada é grande ou pequeno, senão por comparação. 
(Swift. Viagens de Gulliver, pag. 61)


  Outra parte de suas viagens engloba Laputa, Balnibarbi, Luggnagg, Glubbdubdrib e Japão: aqui, na ilha flutuante, as pessoas são dominadas pela sede de pensar apenas em matemática e estão sempre com muitos projetos (malucos), chegando a adormecerem em pensamentos e tratam as mulheres com machismo.
  Por fim, Gulliver acaba na terra dos Houyhnhnms: dominada por cavalos que são tão inteligentes. Nesta terra também há os Yahoo, mais parecidos com seres humanos porém sinônimo de tudo o que é ruim. Gulliver fica impressionado nesta terra e suas ideias podem sofrer grande transformação.
  Gulliver passa por diversas situações que o mudam, definitivamente. Em cada viagem, narrada em primeira pessoa, ele descreve sobre a política, tanto de seu país, quanto dessas terras fantásticas. É interessante quando ele nos põe a par do que os povos pensam dele, e assim sabemos que, visto por diferentes ângulos, os seres humanos possuem mais falhas e vícios do que percebem.
   A família de Gulliver é constantemente abandonada por ele, que não consegue viver sem se aventurar. Esse é o triste da história: apesar de tentar ser uma boa pessoa e amar seu país, está sempre a deixar a família; aliás, a cita em raros momentos. Ele passou dezesseis anos e sete meses viajando, vez ou outra voltando à Inglaterra.
   A obra é divertida porque vemos nosso mundo sendo ridicularizado: sabemos como ele é cheio de falhas; no entanto, quando alguém finalmente as aponta, vendo de outro modo, percebemos a situação até como sendo engraçada. Contudo, é possível perceber pelas entrelinhas a insatisfação do autor com os rumos de seu país.
   A narração é tão simples, de diário de bordo, que até parece que estamos lendo uma história real. É uma obra de fantasia inesquecível!

A verdade me pareceu tão adorável que 
estava determinado a sacrificar tudo por ela. 
(Swift. Viagens de Gulliver, pag. 156)


Escrito por MsBrown

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