- Não tenho mais certeza do que eu sou, Zane. Às vezes acho que sou apenas o fruto do que outras pessoas fizeram comigo, uma grande série de lavagens cerebrais, cirurgias e curas. Sou o fruto disso e de todos os erros que cometi. De todas as pessoas que desapontei.
(WESTERFELD. Especiais, pag. 183 e 184)
Agora Tally Youngblood é uma Especial. Não, uma Cortadora, um dos principais grupos dentre os Especiais. Ela é uma arma letal. Em Especiais (Specials), terceiro livro da série Feios, de Scott Westerfeld, Tally precisa passar por uma transformação para enxergar a realidade, como ocorreu outras vezes, em que ela própria era capaz de colocar seu cérebro para funcionar sem a ajuda de cirurgias.
Especiais, de Scott Westerfeld, terceiro livro da série Feios |
Por ser o final da história de Tally, os acontecimentos foram bem pensados, porém não produziu em mim aquela sensação de "peraí, eu quero ler mais". Fiquei feliz com algumas partes no final (não vou dar spoilers), não o suficiente para declarar este volume como o melhor. Scott Westerfeld muitas vezes me confundiu com as cenas de ação, sempre constantes nesta série, e me encantou com a ligação da protagonista com outras pessoas, por Tally ser alguém que, a princípio (em todos os livros), é alguém com os pensamentos influenciados pelo sistema e depois consegue mudar esta realidade.
Mas Tally tinha sido feita para isso - ou refeita, afinal,
criada para caçar os inimigos da cidade e trazê-los perante a justiça.
Para salvar a natureza da destruição.
(WESTERFELD. Especiais, pag. 29)
Comentário geral sobre a série: O primeiro livro foi o que mais gostei. Os demais pareceram meio "cópias" do primeiro, com Tally sempre tendo de curar-se sozinha (o que é um feito e tanto, mas ficou batido). Gostei de ver o mundo dela se desmoronando, porque os ideais foram substituídos por outra visão, mas com o cuidado de não virar o mundo que nós, leitores, vivemos. A tecnologia está presente nos três volumes iniciais, e é o que permite as pessoas fazeram praticamente qualquer coisa - menos pensar por elas mesmas e lutar para conquistar algo. Há buracos na parede que cospem roupas legais, braceletes antiqueda, pranchas flutuantes e as cirurgias que permitiam aos indivíduos escolherem sua aparência. Mas é claro que Tally, embora no começo ache tudo isso muito legal, vai mudar sua visão.
E agora um extra para os fãs de Feios, o quarto livro da série, com uma dedicatória interessante: "Para todos aqueles que me escreveram para revelar a definição secreta da palavra "trilogia"". Sério, Mr. Westerfeld?
Extras, quarto livro da série Feios,
é exatamente um extra da série, um bônus. Mas não é sobre Tally Youngblood
(embora ela faça parte) e sim sobre Aya Fuse, uma garota normal de 15 anos e
uma extra, que pretende ganhar fama e finalmente ser notada na sociedade em que
vive - afinal, a regra agora é ser popular, e não perfeito. O nome
"extra" faz alusão à época dos Enferrujados (ou seja, nosso
mundo), em que, no cinema, para dar a ilusão de uma cidade ser populosa,
precisavam contratar muitas pessoas, que não eram exatamente importantes para a
história, mas que faziam parte do cenário: um extra, um figurante.
(…) E para manter o sistema de reputação justo,
cada cidadão
acima da idade infantil ganhava o próprio canal — um milhão de
histórias espalhadas pelo ar para ajudar a entender a libertação.
(WESTERFELD. Extras, pag. 39)
Extras, de Scott Westerfeld, quarto livro da série Feios |
O irmão de Aya é um divulgador famoso e a garota quer impressioná-lo tornando-se uma divulgadora importante. Depois da revolução causada por Tally Youngblood, as pessoas ficaram confusas sobre o que fazer, gerando assim tantas ideias que, para serem espalhadas rapidamente, era necessário toda a tecnologia, criando-se assim muitos canais de vídeo. Aya tem seu canal que não atrai muita atenção, e está à procura de um grupo de garotas chamado Ardilosas que se arriscam surfando trens magnéticos. As Ardilosas não querem fama; sua chefe está sempre mudando de apelido para que os sensores da cidade não a transformem em famosa (quando se falam muito num nome, esse nome vai ganhando reputação e pode se tornar famoso). As Ardilosas querem apenas se divertir. Mas para fazer parte desse grupo - que nem todas as pessoas sabem que existe -, Aya Fuse não pode usar sua câmera Moggle. De todo modo, ela arrisca-se e consegue entrar para o grupo, mentindo sobre não querer fazer qualquer reportagem sobre ele, e levando consigo a leal Moggle. E mesmo que ela passe a conhecer Frizz Mizuno, um garoto com olhos de mangá e que diz apenas a verdade (afinal, foi ele quem fundou o grupo Honestidade Radical), a honestidade dele influenciará Aya?
A matéria tinha de tudo: rebeldes excêntricos, tecnologia misteriosa,
tomadas impressionantes da natureza e um acidente de trem magnético
que não aconteceu
por um triz. E, claro, a velha e boa humanidade tentando
destruir o planeta
mais uma vez — todas as promessas e perigos da libertação
reunidos em uma só
reportagem.
(WESTERFELD. Extras, pag. 164)
Embora surfar trens magnéticos não seja assim tão simples, Aya e As Ardilosas descobrem algo perigoso que pode mudar o mundo em que vivem - e não para melhor. Aya percebe, então, que isso é a verdadeira reportagem que a fará ser famosa, embora seja de alto risco e especulações. Além disso, alguém muito famoso, mas que nunca está a vista, pode aparecer. Aya passa a descobrir o que é mais importante: a fama ou a divulgação da verdade para o mundo.
Comentário
sobre o Extras: Confesso que gostei desse volume mais que o segundo e o
terceiro da série, porque agora o foco é outra personagem que, apesar de ter
pensamentos quase iguais aos da Tally no início e mostrar o amadurecimento.
Para os fãs da série, foi um final decente, eu diria, realmente um extra,
que também amarrou alguns pontos que ficaram vagos no terceiro livro. Neste
volume vemos como a revolução de Tally influenciou todo o mundo e se isso foi
bom ou ruim. A tecnologia está presente e mais intensa agora, há mais liberdade
das pessoas serem o que quiserem se lutarem para isso.
Scott Westerfeld |
- Você não está sozinha, Tally. Não finja que está.
(WESTERFELD, pag. 302)
Para ler a resenha do primeiro volume, clique aqui, e para ler sobre o segundo livro, clique aqui. Para mais informações sobre a série ou outras obras de Scott Westerfeld, acesse o site do autor aqui.
Escrito por MsBrown
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